Dirigido pelo também roteirista e produtor Luiz Bolognesi, que tem em seu currículo o roteiro de grandes produções nacionais como o Bicho de Sete Cabeças, Elis e Bingo, o diretor busca em sua pequena série documental de 6 episódios trazer a reflexão sobre o longo processo de violência que moldou a história do Brasil e ainda deixa profundas marcas.
O documentário traz nomes renomados para a discussão, como o antropólogo Carlos Fausto, a historiadora Cláudia Viscardi, o grande líder indígena Ailton Krenak e o jornalista Carlos Amorim, que são referência sobre os temas em pauta, além claro de diversos outros estudiosos.
Buscando traçar uma linha cronológica de acontecimentos, o primeiro episódio se trata das guerras de conquista, ou seja, período no qual os portugueses chegam até o continente, do que futuramente se tornaria o Brasil, e esse embate entre indígenas e portugueses. Os episódios seguintes retratam a Guerra contra Palmares, Guerra do Paraguai, Revolução de 30 e por último a ascensão do crime organizado no Brasil.
AS GUERRAS DA CONQUISTA
Para a liderança Krenak, Ailton Krenak, as guerras de conquista e a colonização ainda ocorrem diariamente no interior na Amazônia, mas se antes eram os portugueses, holandeses, hoje são as grandes corporações, mineradoras, madeireiras. Com a chegada dos portugueses se iniciou um período de doenças, mortes, evangelização, e para isso as etnias indígenas presentes no território tiveram que resistir bravamente, tanto para a sua sobrevivência, quanto para a sobrevivência da sua cultura.
AS GUERRAS DE PALMARES
Em sua obra “O trato dos viventes”, Luiz Felipe de Alencastro estabelece que em torno de 12 milhões de africanos desembarcaram no litoral brasileiro para serem postos em condições de escravos, ou seja, ⅓ da população do período era população negra e africana.
O episódio retrata o intenso conflito entre o Quilombo dos Palmares e o Império Português, que buscou por quase um século a dizimação do Quilombo, mas além da destruição das instalações físicas, a destruição da ideia de resistência que guiava os quilombolas moradores de Palmares.
A GUERRA DO PARAGUAI
Solano López, ditador paraguaio queria uma saída para o mar, queria que sua nação fosse a soberana do continente americano e para isso deveria haver a lógica de conquista. O episódio nos ajudar desconstruir vários conceitos sobre a Guerra do Paraguai, o primeiro deles é de que o Paraguai era uma nação frágil militarmente, não o Paraguai tinha um exército maior, melhor treinado e melhor equipado que o exército brasileiro. O primeiro passo para o confronto foi dado justamente pelo exército paraguaio, com o sequestro do presidente da província do Mato Grosso, depois disso temos um confronto sanguinolento, que terminou com crianças no campo de batalha pelo lado paraguaio e mais de 90% da masculina do Paraguai morta em seus campos de batalha.
A REVOLUÇÃO DE 1930
Retrata o levante tenentista sobre a Elite política e social do período. Retratando as oligarquias do período, que se mantiveram no poder em função do plantio de café e da articulação política, onde havia um movimento de revezamento entre elas, em especial as oligarquias paulistas e mineiras.
Com a vitória forjada do paulista Julio Prestes, que representava a oligarquia, e com a ascensão de Vargas no Rio Grande do Sul, que tem um certo apelo popular e de uma elite emergente, se inicia um conflito sangrento que deu o pontapé inicial para a chamada “Era Vargas”, período de avanços para o Brasil e ao mesmo tempo de intensos retrocessos, em especial para a liberdade civil.
UNIVERSIDADE DO CRIME
Anualmente mais de 60 mil pessoas são assassinadas no Brasil, segundo levantamento da ONU (Organização das Nações Unidas) em pequenos e médios conflitos armados pelo mundo, morrem em torno de 30 mil pessoas.
O CV (Comando Vermelho) surge a partir do abandono do Estado para com os presos e do acolhimento de membros das guerrilhas urbanas que abraçam esses presos. Durante a década 70,80 os guerrilheiros presos são enviados para o Instituto Penal Cândido Mendes, na Ilha Grande, Angra dos Reis, Rio de Janeiro, onde a única entrada e saída era através do mar, ao chegar no local e ver o tratamento que os presos sofriam, esses guerrilheiros criam uma grande conexão de solidariedade para com os presos, estimulando uma organização contra a ação estatal. A denominação “Comando Vermelho”, vem justamente do fato de quando os guerrilheiros urbanos eram presos, traziam consigo uma etiqueta vermelha, a mesma cor da bandeira comunista.
O episódio também retrata a ascensão do PCC (Primeiro Comando da Capital), em São Paulo.
A principal reflexão fica em relação a omissão do Estado Brasileiro em relação a esses grupos criminoso e a relação de promiscuidade que há entre ambos.
Onde assitir:
Netflix