“Bacurau, se for, vá na paz”. Fenômeno do cinema nacional e internacional, Bacurau foi arrebatador em todos os festivais que passou, foi aplaudido em pé no Festival de Cannes, na França, um dos mais conceituados do mundo.
Dirigido pelos pernambucanos Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, parceiros já de longa data, o filme trata de uma típica cidade do sertão nordestino, onde a seca é torturante e o poder público só se aproxima em ano eleitoral. Porém Bacurau é muito mais que isso, é uma lição de como o povo brasileiro é forte e não aceita ser submisso.
Logo no ínicio do filme, temos um panorama do que é a cidade de Bacurau, pequena, isolada e convivendo com uma intensa seca. A personagem Teresa(Bárbara Colen) chega a cidade para o velório da matriarca da cidade, Dona Carmelita(Lia de Itamaracá), a comoção é gigantesca e a cidade toda está reunida. Os dias passam e Bacurau e tudo está nos conformes, porém uma onda de assassinatos em uma fazenda vizinha abala a cidade, daí em diante o que temos é um espetáculo de Cinema, e de Cinema Nacional.
O que nós aprendemos com Bacurau?
I - Regionalidade- por vivermos em grandes centros urbanos, muitas vezes não temos o conhecimento do que é viver em áreas mais remotas do país, como o sertão Nordestino. E Bacurau nos ajuda a expandir nossos horizontes, demonstrando a dura realidade dessas pessoas, onde a estiagem(seca) é fator determinante, já que sem água não a vida. Além disso há o personagem do Tony Jr., político caricato, que se aproxima da cidade apenas em períodos de eleição, leva alguns “presentes” como livros, remédios(tarja-preta) e busca arrecadar votos. Esse tipo de situação é muito comum nas regiões mais interioranas no país, podemos categorizar como um “coronelismo” moderno.
II - O que é um Bacurau- são pássaros que tem hábito noturno, e que em geral caçam insetos, mas também é como é chamado os ônibus que circulam no horário de madrugada na cidade de Recife. O nome Bacurau em tupi guarani também significa mbaé = coisa, bicho; curau = que volta a cabeça.
III - ”Síndrome de Vira-lata”- a grande metáfora do filme é justamente com a expressão cunhada pelo Nelson Rodrigues. Quando os estadunidenses(todos somos americanos) aparecem e tentam “caçar” os moradores de Bacurau, eles partem do pressuposto que são superiores a nós brasileiros e por isso tem total direito de matar, torturar, já que nos consideram bárbaros. Mas a pergunta é: quem realmente são os bárbaros da História? O povo de Bacurau ou os estadunidenses.
Podemos levar isso para uma analogia sobre o Imperialismo Norte-Americano, onde os povos são submissos a eles, e colonizar, guerrear e dominar é a melhor opção para esses países, para quem um dia talvez se tornar ao menos 10% do que os EUA é.
Quando ocorre a invasão e o povo de Bacurau reage, isso demonstra que não há um espiríto de rendição ou submissão por parte deles, os estadunidenses são iguais a eles, não somos “vira-latas” perante a eles.